.

Perguntaram-lhe:

- Qual a razão da Utopia? Qual a razão para acreditar no alcance do Horizonte? Qual a razão de Infinito?

Respondeu, com tudo o que há numa flor:

- Caminhar.

Entre-vista

Alice Cruz: … não leva a sério a sua poesia, os seus escritos?
.
Agostinho da Silva: Bom, então… Nunca trabalhei em poesia. De repente algum poema surge e eu penso e escrevo-o. De maneira que tenho as maiores dúvidas que seja eu quem o faça. Lá quem faz não sei. Mas por mim, não creio que faça. A não ser que seja preciso às vezes acertar qualquer coisa que saiu torta, do outro que ditou o poema, ou qualquer coisa dessa espécie. De maneira que acho que, poesia, o poema, não é coisa que me dê trabalho, nem a que eu dê importância nenhuma. Quando tem que sair sai, e depois durante muito tempo não há poema nenhum que saia, por mais que eu quisesse fazer o poema não conseguia coisa nenhuma, só quando a ele lhe apetece. Eu estou às ordens dele…
.
Conversas vadias, RTP 1990

25 de abril de 2012

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Entre-vista