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13 de novembro de 2009
7 de novembro de 2009
Icelândico

Era homem perfeitamente natural. Vivia ainda com a sua mãe, a sós, numa imensa paisagem verde sem árvores nem grandes arbustos. Sua casa moldada no coração de uma pequena colina aí se debruçava para a escassa vegetação centenária plantada em tempos pelo seu avô. Abrigado pelo frio das quentes primaveras que solavam seu jardim, aí se entretinha, escolhendo com toda a paciência do mundo os melhores pés das plantas já secas pelo continuar das estações. Era o seu pequeno quintal de rhubarb, Rheum tanguticum, usado desde tempos imemoriais como fitoterapêutico mas também e sobretudo como alimento. Desde a mais tenra infância que nessas primaveras não tão frias saía de sua pequena casa e tímido espreitava a luz, esperando sempre em vista pelo vislumbre de um, e único, raio de sol. Vivera desde sempre lado-alado com a natureza. Ao redor do inóspito - porque casa alguma havia à sua volta - seguia algumas vezes até ao pequeno monte em busca dos únicos brinquedos com que enchia as suas estantes. Lascas de pedra cinza ou marcas de outros organismos de tempos já idos compunham saltitantes castelos de cartas, erigidas ao lado de sua cama como paisagens imaginárias. Com pequenos troncos dos caules secos sustentava a estrutura e por dentro dela, colocava uma vela, para dar luz a estas paragens onde só a aurora e o vento são companheiros de suas mais íntimas solidões. Por vezes acontecia derrubar por acidente estes pequenos castelos, por outras desmontava-os, lentamente, e com suas mãos as colocava, pedra ante pedra em fila sobre as pequenas plantas, os livros de xisto que agora lhe traziam uma música que era a sua, Heima!
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Finisterreno para um laboratório do real
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6 de novembro de 2009
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